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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Tecnologia :: Pesquisa testa fruticultura orgânica em larga escala

Fonte: AGROSOFT

Sistemas orgânicos de produção de diferentes frutas estão sendo construídos de forma pioneira pelaEmbrapa com base em experimentos instalados na Chapada Diamantina (BA). Todos são resultados de um projeto realizado em parceria com a empresa Bioenergia Orgânicos no Município de Lençóis que experimenta soluções para a produção de orgânicos em larga escala, algo ainda difícil de se fazer.


A Embrapa está elaborando protocolos de produção usando a estratégia de geração e validação simultânea dos resultados. Os resultados do primeiro ciclo de produção mostram níveis de produtividade superiores ao convencional.

Duas culturas apresentaram resultados mais rápidos: a do abacaxi e a do maracujá. No caso do abacaxi, o trabalho desenvolve um sistema de produção para duas cultivares: a Pérola, a mais plantada no País, e a BRS Imperial, desenvolvida pela Embrapa, cuja principal característica é a resistência à fusariose, mais importante doença da cultura, que chega a causar 100% de perda da lavoura. Outra vantagem da variedade é não conter espinhos na coroa e na folha, o que facilita o manejo e reduz custos e risco de acidentes.

A qualidade dos frutos tem surpreendido a equipe. No caso do abacaxi Pérola, eles apresentaram média de peso entre 1,6 kg e 2 kg. "É difícil até no plantio convencional apresentar essa média. Entendemos também que o clima da região, tropical semiúmido, propicia um bom desenvolvimento da cultura", sugere o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA)Tullio Raphael Pereira de Pádua.

"Como não tínhamos nenhuma informação sobre produção de abacaxi em sistema orgânico, inicialmente fizemos trabalhos para definir densidade de plantio, adubação e manejo de cobertura do solo para as duas variedades", conta Tullio. E os primeiros resultados, segundo ele, são positivos, principalmente pelo fato de ter havido poucos problemas com a fusariose no Pérola. "O controle dessa doença é necessário e um desafio maior no sistema orgânico. Treinamos os funcionários da empresa para fazer o monitoramento constante e eliminar as plantas doentes, como forma de reduzir a disseminação da doença," conta.

Atuação começou em 2011

O principal desafio para os cientistas é ajustar constantemente seus conhecimentos de pesquisa com as necessidades de quem está na linha de produção. "Desde o início, quando a proposta foi concebida, sabíamos que para implantar um projeto dessa magnitude teríamos de ter a pesquisa como aliada", afirma Osvaldo Araújo, um dos sócios da Bioenergia, empresa que tem por objetivo final o processamento de polpa integral para abastecer o mercado de suco. Em meados de 2011, pesquisadores e técnicos especialistas em diversas fruteiras começaram a atuar no convênio, com duração de cinco anos e que poderá ser renovado. A previsão é que a indústria entre em funcionamento em 2016. 

Para a Embrapa, a proposta significa a possibilidade de avançar na pesquisa com orgânicos. "Encontramos um parceiro que nos colocou à disposição uma área de 80 hectares para pesquisa, que se tornou a nossa grande estação experimental de fruticultura orgânica [no Município de Lençóis], com a infraestrutura disponível e mão de obra", avalia o pesquisador daEmbrapa Mandioca e Fruticultura Zilton José Maciel Cordeiro, coordenador do trabalho. Segundo ele, associar as pesquisas já considerando a produção pode trazer resultados importantes em um prazo relativamente curto.

Entre os vários obstáculos, o especialista destaca os fitossanitários. A primeira grande batalha foi contra uma cochonilha que acometeu a plantação de acerola. Para o controle, foi utilizada uma estratégia de poda com aplicação de uma calda de sabão. A infestação recuou. Há áreas em que a infestação passou de 25% para 1%. "Uma série de outras questões irá surgir, e as alternativas serão pesquisadas na hora," diz o pesquisador.

Peso acima da média

Um exemplo de que a produção orgânica se baseia em séries de testes é o trabalho realizado com o BRS Imperial. Diferentemente do que acontece com o Pérola, o BRS Imperial apresenta baixa taxa de florescimento natural, por isso é feita a indução floral. "Temos observado que o abacaxi BRS Imperial parece responder melhor em relação a peso de fruto a um ciclo vegetativo mais longo. Em vez de 12 meses, que é o padrão, fizemos a indução em 14. A média dessa variedade no sistema convencional é 1,2 kg. Obtivemos frutos acima desse peso médio," comemora. Ele revela que serão testadas induções com diferentes idades vegetativas para observar a produção.

Inicialmente, os sócios não haviam pensado na alternativa de comercializar frutos in natura, mas, diante da qualidade do produto, hoje eles já consideram essa possibilidade. "Pensamos primeiro apenas no processamento. Mas colocamos como teste esses frutos aqui no mercado local e a aceitação tem sido muito boa. Isso nos fez pensar em trabalhar uma classificação com produtos in natura no mercado", conta Araújo.

As necessidades de ajustes são constantes. As bases do sistema de produção para o abacaxi e para o maracujá estão sendo finalizadas. "Não temos o sistema de produção perfeito, assim como não há perfeição para o sistema convencional. Mas já temos a base", salienta Zilton. Inicialmente a área destinada aos experimentos com abacaxi era de um hectare. As mudas produzidas estão sendo transferidas para uma área de dez hectares, já com o objetivo de saída comercial. Araújo afirma que serão plantadas agora 300 mil mudas.

Em relação ao maracujá, a primeira etapa, cuja meta era avaliar os melhores materiais genéticos para o sistema orgânico levando-se em consideração produtividade e resistência a doenças, foi concluída. Foram analisados 14 híbridos do programa de melhoramento da cultura, que envolve pesquisas da Embrapa Mandioca e Fruticultura e Embrapa Cerrados(Brasília/DF). BRS Sol do Cerrado e BRS Rubi do Cerrado foram os dois híbridos selecionados e vão compor a área comercial de dez hectares.

O principal obstáculo para o maracujá são os vírus, que afetam plantações do País inteiro. Para driblar o problema, a ideia dos pesquisadores é trabalhar com plantas que entrem em produção precocemente, o que reduz o risco da atividade. Está em teste um sistema de produção em que se clona uma planta muito produtiva no campo. Dela é retirada uma estaca que é enraizada em ambiente protegido. "Quando a gente enraíza uma estaca, ela já está na fase juvenil, assim rapidamente essa muda entra em processo de florescimento e frutificação. Fizemos os clones das estacas e levamos para campo de produção. Quanto mais precoce o material, mais produzirá na ausência do vírus," explica o pesquisador da EmbrapaMandioca e Fruticulra Raul Castro Carriello Rosa.

O plantio de maracujá começou a sofrer a incidência de um ácaro transmissor do chamado vírus da pinta-verde, que dá uma aparência depreciativa ao fruto. "Estamos tentando controles com caldas e um inseticida orgânico, o mais antigo que se tem registro até hoje, o enxofre. Quando falamos que, em quase dois anos do ciclo, nunca se pulverizou, ninguém acredita," ressalta Castro. A produção da fruta chegou a 36 toneladas por hectare, equivalente a três vezes mais que a média nacional. O pesquisador lembra, no entanto, que na medida em que se amplia a área de plantio, aumenta também a pressão de pragas e doenças.

A manga vem na sequência das culturas que se destacam no projeto. Como é de ciclo mais longo, de cerca de três anos, as primeiras avaliações ainda não foram concluídas. O trabalho começou com 22 variedades. Três apresentam maior potencial para processamento: a Ubá, a Palmer e a Imperial, porém há expectativas de que outras variedades sejam recomendadas para essa utilidade. O pesquisador Nelson Fonseca indica como um dos principais desafios em termos orgânicos a parte de indução floral. "Dois fatores são indutores naturais: o frio e o período seco. Na região de Lençóis, há o período frio, de maio a agosto, e nessa época também praticamente não chove lá. A união desses dois fatores seria como uma pré-indução. Isso pode favorecer em termos de florescimento e início de frutificação."

Um dos problemas que a cultura vem enfrentando é o controle da formiga (boca de cisco ou rapa-rapa). No sistema convencional basta um pesticida para dar conta, mas, no orgânico, esse problema exige muita criatividade. Já foram testadas várias alternativas, inclusive uma fita adesiva com dupla face para impedir a formiga de subir na planta e atacar a copa. "Testamos a manipueira [líquido que sai da mandioca durante a fabricação de farinha], no entanto temos dificuldade de obter o líquido novo, tirado na hora, para ser usado na área experimental. Também se utilizou uma cal virgem, mas também não deu muito resultado," narra o pesquisador.

Segundo ele, o uso da calda de sabão apresentou resultados no controle, porém, o custo de sua fabricação é alto. Por isso, ainda estão sendo investigados nossos meios de controle da formiga, conforme informa Nelson. A área destinada à manga está sendo ampliada de dez para 21 hectares, também em escala comercial. "Já temos cerca de 20 mil mudas para o plantio e vamos preparar 70 mil para 2015", informa o outro sócio, Evanilson Montenegro.

Além do trabalho voltado especificamente para cada cultura, Zilton destaca três frentes de experimentos que vão dar a base para a continuação do trabalho na Bioenergia: preparo e manejo do solo, independentemente da cultura; manejo integrado de pragas; e a parte de nutrição vegetal com o desenvolvimento de formulações fertilizantes.

Área experimental

Dentro dos estudos realizados pela empresa, a região do interior da Bahia foi escolhida em função de ter o clima, água e solo mais adequados à fruticultura orgânica, com disponibilidade de terras virgens. Foram compradas três fazendas em Lençóis que totalizam 3,5 mil hectares. Dos 80 hectares destinados aos experimentos da Embrapa, já ocupados hoje, há 22 hectares de manga, dez hectares de maracujá, dez hectares de abacaxi (essas três primeiras áreas já para escala comercial), três hectares de Spondias (nome científico da família do umbuzeiro e do umbu-cajazeiro), cinco hectares de acerola, três hectares de goiaba, 3,5 hectares de citros, além de um hectare para experimentos de solos. Esse material integra a Unidade de Pesquisa de Produção Orgânica (UPPO), na Ceral Marimbus. Há ainda uma área de viveiros de 2,5 hectares. Já foram instalados um viveiro de mudas e uma estufa com telado antiafídeo para citros.

Parceria com produtores locais

O objetivo final da empresa Bioenergia é o processamento de polpa integral. A previsão dos sócios é que a indústria esteja funcionando em 2016 com capacidade para processar 40 toneladas de frutas por dia em um turno. A produção virá das fazendas, mas a empresa pretende também envolver produtores da região, como forma de promover o desenvolvimento local.

Pelo planejamento, a Bioenergia vai produzir 50% da capacidade de processamento da indústria e os outros 50% serão produzidos por parceiros. "A ideia é desenvolver parceiros produtivos focados na agricultura familiar. Vamos fornecer a muda, o adubo a preço de custo e garantir a compra de 100% em contrato, e o produtor terá o compromisso de nos entregar, no mínimo, 50%", explica Araújo. E acrescenta que o desenvolvimento desses parceiros --- selecionados a princípio em Lençóis e nos municípios em um raio de 100 quilômetros da indústria, como Bonito, Utinga, Andaraí e Piatã --- vai acontecer quando a empresa tiver as mudas em quantidade para distribuição. "Devemos iniciar com duas culturas entre um e três hectares para cada produtor: o maracujá em consórcio com a manga. Enquanto as mangueiras crescem nos dois primeiros anos, o produtor tira duas safras de maracujá. Assim, o custo será reduzido e ele vai ter uma renda no fim do primeiro ano."

A inclusão social se dá também pelo emprego de mão de obra local. Os sócios informam que 80% dos colaboradores do projeto provêm de duas comunidades quilombolas próximas.

A indústria

A empresa Bioenergia assinou com o governo do estado da Bahia o protocolo de intenções para a instalação da unidade de processamento industrial, cujo projeto vem sendo desenvolvido sob a orientação do Instituto de Tecnologia de Alimentos(Ital) de Campinas (SP). Essa unidade estará localizada próximo às áreas de plantio, e, de acordo com os sócios, a recepção e seleção das frutas serão feitas de modo automatizado a partir da lavagem até a embalagem asséptica, ou seja, sem contato manual. "A vantagem de todo o processo é que, numa superprodução, tem-se um custo baixo de armazenamento porque não exige refrigeração", informa Montenegro. E o grande cliente, como ressaltam, é o mercado de suco.

FONTE

Embrapa Mandioca e Fruticultura
Alessandra Vale - Jornalista
Telefone: (75) 3312-8076
E-mail: mandioca-e-fruticultura.imprensa@embrapa.br

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pesquisador afirma que Embrapa tem que priorizar orgânicos e não transgenia

Fonte: EcoAgência

Ex-membro da CTNBio diz que lançamento de alface modificada com mais ácido fólico pode ser dispensável, desde que as pessoas utilizem uma alimentação variada e saudável, possibilitando que o corpo receba todos os nutrientes responsáveis por um bom funcionamento.

Por Maura Silva, Página do MST

Seguindo a onda dos alimentos transgênicos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba) se prepara para lançar uma nova variedade da hortaliça mais consumida no mundo, a alface.

Pesquisadores afirmam que a verdura, que está prevista para chegar à mesa dos brasileiros em 2021, poderá conter até 15 vezes mais ácido fólico.

Também conhecido como vitamina B e M, o ácido fólico é responsável pela formação de proteínas estruturais e hemoglobina.

A falta dessa vitamina em indivíduos em formação pode causar problemas como a anencefalia, a ausência parcial do encéfalo, espinha bífida, formação incompleta da medula espinhal, e fissura labiopalatal, mais conhecido como lábio leporino. Já em adultos o ácido fólico ajuda no combate de anemias, hipertensão, doenças cardíacas, além de reduzir os riscos de derrames cerebrais e Alzheimer.

Embora os defensores dos transgênicos afirmem que os avanços na engenharia genética de alimentos possa, dentre outras coisas, ajudar no combate à fome, muitas são as questões a serem discutidas sobre o assunto.

Para Leonardo Melgarejo, engenheiro agrônomo e ex-membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que delibera sobre a produção e comercialização de transgênicos no Brasil –, um dos grandes problemas é o marketing da expectativa criado em relação a esses supostos alimentos milagrosos.

A alface modificada para uma mulher grávida, por exemplo, seria recomendada devido à grande quantidade de folato presente na folha. Mas essa mesma quantidade de vitaminas pode ser obtida com a variação de outros alimentos como brócolis e espinafre.

Para Melgarejo, a transgenia é dispensável para resolver deficiências alimentares. “Basta uma alimentação variada e saudável para que o corpo receba todos os nutrientes responsáveis por um bom funcionamento”.

Outro fator negativo é a superdosagem de um determinado alimento. “O excesso de vitaminas, quando não absorvido pelo organismo, é excretado pela urina, ou seja, o consumo desequilibrado pode causar desde o desperdício até a dependência na medida em que se acredita que o consumo excessivo e não uma combinação variada é o correto”.

Melgarejo aponta que há outros caminhos possíveis para resolver problemas como a má formação da medula espinhal em fetos. Exemplo disso seria uma alimentação saudável, orgânica e sem venenos.

“O Brasil não precisa investir tanto, como vem fazendo, em pesquisas de transgenia. A Empraba tem linhas de trabalho na área de produção orgânica que são excelentes. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) - que tem como objetivo promover o acesso de alimentos orgânicos às populações em situação de insegurança alimentar -, é muito mais útil do que o alface transgênico. Com programas como esse estimulamos a agricultura orgânica, a boa alimentação nas escolas, pontos de vendas de produtos sem veneno e etc”.

Na opinião de Melgarejo, a disputa por notoriedade entre os pesquisadores é outro tema a ser debatido. “Ser o primeiro a apresentar o feijão modificado talvez tenha sido um dos motivos que levou à Embrapa a não dar tanta importância para estudos nutricionais em longo prazo. Aconteceu com o feijão (primeiro alimento a ser modificado pela empresa) há três anos, e agora com a alface”.

Mercado dos transgênicos
Para exemplificar a relação entre os alimentos com base orgânica e a saúde humana, o pesquisador lembrou a cidade de Veranópolis, no Rio Grande do Sul, apontada com a maior longevidade do estado.

O motivo, segundo o pesquisador, é o cultivo de hortas domésticas pelos moradores. “A longevidade humana caminha na contramão das dependências dessas transformações. As regiões onde as pessoas vivem mais e melhor são as que estão longe dos agrotóxicos, locais em que a biotecnologia ainda não entrou como nas áreas onde a qualidade de vida decresce e o número de doenças se amplia”.

Entretanto, Melgarejo não descarta a biotecnologia enquanto uma ciência com grandes possibilidades de ajudar a humanidade, mas aponta o fato do mercado de produtos geneticamente modificados ter tomado conta desse campo científico.

“Estão sendo disponibilizadas promessas não testadas o suficiente, e essa distorção gerou uma corrida por produtos para serem colocados nas prateleiras dos supermercados. Isso compromete a ideia básica de que o campo da ciência tem muito a oferecer”, coloca.

“O mercado está dominado por interesses a curto prazo. Se aproveitam da perspectiva da sociedade em torno do que a ciência oferece. É a teoria da ‘demanda induzida’: cria-se a demanda em cima da expectativa positiva gerada sobre um produto que ainda não foi lançado. Estamos em 2014 falando de um alimento que será lançado em 2021, ou seja, a partir de agora já está sendo criado um marketing de aceitação em cima desse produto”, conclui o pesquisador.MST - EcoAgência


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